Marcio S Galli, 10-09-2024
Estou trabalhando na construção de um artigo relacionado com os desafios que podemos viver quando fazemos uma exposição dos nossos problemas, para pessoas do lado como família, amigos, profissionais, etc. Penso que este artigo é parte de uma investigação maior sobre a influência que o ambiente tem no nosso movimento. Não digo que o ambiente nos força mas gosto dessa metáfora porque penso que a forma que conduzimos, principalmente no ambiente contemporâneo que é hiperconectado (e cheio de narrativas e soluções), nos leva para a situação desafiante que por sinal pode não se revelar, justamente pelo tom, ou enquadre, da situção que é acolhedora. A razão do artigo é que podemos, ao nos expor, andar sobrecarregados e diminuir o investimento necessário que envolve olhar nosso movimento em perspectiva. Em outras palavras podemos caminhar não necessariamente no melhor rumo mas mesmo assim ficarmos sobrecarregados e sem poder criticar nosso envolvimento. Concluímos com uma sugestão que nos pede um momento de reflexão por meio da escrita.
Situação - Quando procuramos ajuda, quando fazemos uma exposição, significa um ato de coragem, uma atitude. Esse momento tem que ser celebrado porque é o movimento inicial que leva a resolução de problemas e nos ajuda a avançar.
Complicação - Considerar os efeitos, ou o fenômeno, que ocorre a partir dessa exposição, onde podemos nos confundir ou nos frustrar ou ficarmos sobrecarregados em um ambiente acolhedor. Reconhecer que essa exposição, após essa exposição com alguém em uma relação de confiança, nos empodera. E que, dependendo das comunicações, tudo pode acontecer, começando com foco/energia, movimentos arbitrários, frustração. Porém, a complicação de fato é que pode não parecer confuso, justamente pela dificuldade de julgar o que se trata de uma ajuda, um acolhimento.
Pergunta/resposta - O que fazer? Não expor? Neste artigo, nossa intenção é uma reflexão, não que nos guia para um movimento sem interação com o meio mas que nos guia para um movimento consciente, que precisa respeitar o corpo e mente e criar espaço para uma visão em perspectiva. Para isso, vamos, primeiro:
A - Refletir sobre essas situações e como o movimento inicial, de coragem, nos leva para ouvir e como ouvir pode nos colocar em uma posição de movimento; e ao mesmo tempo reconhecemos que uma premissa inicial pode se aplicar, a complexidade de criticar aquilo que é ajuda: Não criticamos médicos, não criticamos amigo que ajuda, ou terapeuta. O movimento é, em tese, de soma de ideias.
B - Estruturar a situação complexa de navegar no ambiente externo fazendo exposição e engajando com sugestões, ideias, pitacos, programas, soluções, etc. Considerar um aspecto, no sentido de amplitude, onde temos mais diversidade de perspectivas dadas por pessoas ou entidades (até sistemas ou programas mediados por pessoas ou não). Além da diversidade, reconhecer o aspecto da profundidade, onde uma interação pode levar a outra, no tempo (falar da analogia com série tipo Netflix). Reconhecer que navegar nesse ambiente pode sobrecarregar ao mesmo tempo que pode ser bem difícil ver se as interações estão sendo saudáveis ou não justamente por conta daquela premissa que não estaríamos na condição de criticar e porque também normalmente muitas dessas sessões começam e terminam acolhendo.
C - Concluir com a ideia de que com essa navegação complexa pode ser resolvida com atividades de reflexão sobre o todo, momentos próprios. Colocar exemplo de páginas ou escrita reflexiva ou até exercícios de contabilidade que analisam os resultados e avanço dos envolvimentos. O objetivo é que possamos ter mais controle sobre nosso movimento, ou minimamente mais percepção.
"Quando o inconsciente nos tem totalmente à sua mercê, falamos não como deveríamos escolher falar voluntariamente, se pudéssemos ver todas as consequências de nossas palavras, mas por uma necessidade de aliviar alguma pressão meio percebida. Então, reclamamos humoristicamente sobre nossas dificuldades e nos tornamos autoconscientes ao fazê-lo. Ou nos desculpamos de forma desafiadora. Ou reclamamos de uma injustiça insignificante e, às vezes, ficamos surpresos ao ver quanto mais compaixão invocamos do que a ocasião justifica. Uma vez que encontramos uma fonte de piedade e indulgência em outra pessoa, raramente somos maduros o suficiente para não tirar proveito disso, reforçando assim nosso infantilismo e derrotando nosso crescimento." Tradução nossa, Dorothea Brande, p.66, Wake Up and Live.
English - Needs review "When the unconscious has us fully at its mercy, we talk not as we should voluntarily choose to talk, if we could see all the consequences of our speech, but from a need to relieve some half-perceived pressure. So we grumble humorously about our difficulties and make ourselves self-conscious by doing so. Or we excuse ourselves defiantly. Or we complain of a trifling injustice and are sometimes startled to see how much more pity we invoke than the occasion warrants. Once we have found a wellspring of pity and indulgence in another, we are seldom mature enough not to take advantage of it, thus reinforcing our infantilism and defeating our growth." Needs review, Dorothea Brande, p.66, Wake Up and Live.