Diário do escritor - Dorothea Brande sobre dinheiro dado pelos pais da noiva

Marcio S Galli, 2-10-2024

A leitura de Dorothea Brande merece ser feita em modo pausa, com muita reflexão. Demorei para entender a passagem abaixo, onde ela fala que "na America" as pessoas não reconhecem a ideia de receber ajuda da família como parte do processo de crescimento. É como se quiséssem independência, assim que casam, quando casam. Com isso, elas caem no que ela acredita ser a Vontade de Falhar:

"Especially in America, where marriages for love are the rule, most young people start out on their married life with little more than their health, youth, and intelligence as capital. We are accustomed to think of the European idea of asking a dollar from the bride's family as somehow ignoble and mercenary. Yet, insisting on that little reserve fund of money with which to meet the demands of establishing a new household, as much to recommend it. And the fact that we have no such custom in this country may be one reason why America, the much vaunted land of opportunity, can show so many men and women of middle age wasting themselves in drudgery, filling positions which bring them no joy, and looking forward to a future which, at its happiest, promises years of monotony, and at its worst, the nightmare of poverty leading an employment period." (Brande, Dorothea, p.19, Wake Up and Live)

Tradução para Português

"Especialmente na América, onde os casamentos por amor são a regra, a maioria dos jovens começa sua vida de casados com pouco mais do que sua saúde, juventude e inteligência como capital. Estamos acostumados a pensar na ideia europeia de pedir um dote da família da noiva como algo de certa forma ignóbil e mercenário. No entanto, insistir nesse pequeno fundo de reserva de dinheiro para atender às demandas de estabelecer um novo lar tem muito a recomendá-lo. E o fato de que não temos tal costume neste país pode ser uma das razões pelas quais a América, a tão exaltada terra de oportunidades, pode mostrar tantos homens e mulheres de meia-idade se desgastando em trabalhos árduos, ocupando posições que não lhes trazem alegria e esperando um futuro que, na melhor das hipóteses, promete anos de monotonia e, na pior, o pesadelo da pobreza levando a um período de desemprego." (Brande, Dorothea, p.19, Wake Up and Live)

Alguns pontos sobre minha interpretação. Eu acredito que ela viu que nós, como humanos, não queremos colaborar com esse mundo adulto. Por exemplo, imagina a responsabilidade de precisar usar o dinheiro herdado, dado, agora como um investimento? Para tal, precisaríamos de uma nova perspectiva, de ver a situação toda, de fato, como se fôssemos crianças recebendo dos pais, felizes porque aquilo pode nos levar a algo. Em outras palavras, ela critíca aquela vontade - que muitas vezes é cultural - de correr com independência, por exemplo pegando qualquer coisa para fazer.